quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Futuro dos Produtos Digitais está no Storytelling.


Contanto uma Histórinha...


Gostamos de pensar que o que fazemos no ambiente digital é tão bom que merece ser percebido como tangível. A Apple vende computadores, é o produto deles. O que é o Facebook? Uma ferramenta para manter contato com pessoas que você conhece. Nem a Apple nem o Facebook, porém, vendem seus produtos dessa maneira. Ao invés disso, eles contam histórias.

Não devemos limitar o design dos nossos produtos apenas em design de interface e tecnológico. Precisamos pensá-los de forma que caminhem além do cenário digital. Um bom design não é mais diferenciador – o segredo foi revelado. Produtos precisam de algo diferente, algo a mais e eu aposto no storytelling.
O caso é que talvez eu não seja um design de produtos, mas um contador de histórias (storyteller).  Na verdade, eu tenho que ser já que o consumidor, para sentir-se único, demanda mais do que um produto digital. As melhores empresas vendem histórias.
Tentarei ilustrar a importância do storytelling, mas antes vamos concordar em “o que é storytelling”.
…algo que todos possam entender e se relacionar, do investidor ao empregado à família e amigos. Algumas vezes é memorável, facilmente transmitido e bem recebido até por aquele que não saca nada de tecnologia. – Ryan Glasgow, Toda Startup Precisa de uma História.
Agora vamos explorar sua importância através de dois exemplos: AirBnB e 500px.

AirBnB, o maior hotel do mundo vende experiências!

O pessoal do AirBnB não  enxerga o que fazem simplesmente como deixar seus usuários receberem uns aos outros. Eles enxergam uma história, uma experiência que vai ou pode impactar profundamente sua vida. A história deles é que você não está recebendo um estranho, mas um amigo. Você não está gerindo um hotel ou pousada, é mais como receber um amigo para passar a noite. A história é convincente e permite que ele estejam presentes em 192 países, com mais de 300.000 operações.
Isso é tão importante que eles incorporaram a sua interface opções como um “guia” que permite que se crie um guia de recomendações aos seus hóspedes. É o equivalente a receber um amigo de outra cidade e dizer: “Ei, você precisa tomar uma cerveja no Bar Urca no fim da tarde, dar uma volta na Feira do Lavradio no sábado e assistir um Jazz na Pedra do Sal.” É brilhante! (mudar locais)
Se eles não olham além do cenário digital do produto então porque se preocupar, já que as pessoas estão recebendo outras e os números subindo? Para mim, a AirBnB projeta além do produto. Eles criam histórias para que seus usuários, e já que seu objetivo é o lucro, eles tecnicamente vendem histórias.
Outro bom exemplo onde histórias vendem produtos é o Instagram, Lyft ou American Girl.

Uma imagem, mil histórias.

Agora, o oposto do AirBnb.

Navegando pelo 500px eu procuro comprar ótimas fotografias. Eu encontro algumas, são lindas e eu clico para comprar. Custa 200 dólares. A página padrão de compra entra, pedindo as informações do cartão, e por aí vai. Nenhum esforço extra para vender. É uma foto linda, mas 200 dólares? Comprar uma foto não é uma necessidade, é apenas algo legal de ter. Então como me convence a clicar nesse botão de compra?
Para mim, essa é uma oportunidade para a 500px projetar além do cenário digital de seu produto, transformando-o em algo mais que uma simples troca de dinheiro por fotos. De uma forma similar ao AirBnb, o que o 500px deveria fazer é vender histórias. Para fazer isso, eles precisam que seus usuários compartilhem suas histórias. O mais engraçado é que eles estão perfeitamente posicionados para contar poderosas histórias que levaria sua produto além do ambiente digital. Como?
Quando fotógrafos optam por vender suas fotos, a 500px deve desenvolver maneiras de encorajá-los a compartilhar histórias cativantes sobre a foto.
Pegue essa foto, por exemplo. Ela é maravilhosa...


E se o fotógrafo ( Sebastião Salgado) não desse apenas as informações sobre a foto, mas a história por trás dela. 

Uma resposta seria que fotógrafos já contam histórias visualmente e a falta de história cria um ar de mistério. É verdade, mas porque eu ainda não estou apertando esse botão de compra?
Tenho certeza que fotógrafos vão concordar que se derem uma contextualização, um pano de fundo, então a foto não é mais aleatória. Agora ela tem significado. Na verdade, fotógrafos amam seus próprios trabalhos, um mais que o outro, porque sabem a história por trás deles. Para resolver isso, ao invés de pedir por uma “descrição” geralmente ignorada ou preenchida com um conteúdo fraco, simplesmente pedir por um “história” criará descrições mais significativas. (Essa é uma possível solução)
O objetivo aqui não é apurar histórias bem construídas e estruturadas, o objetivo é compartilhar algo que faça a foto ser mais pessoal, íntima, olhe em volta: estamos na era da personalização.
Design não é só sobre o estético e visual. A simples troca de “descrição” por “história” altera a estrutura de pensamento do consumidor e, consequentemente, o conteúdo.
Imagine, ao invés de comprar uma foto aleatória, você está comprando muito mais, algo que ultrapassa uma transação digital. Você não compra simplesmente uma foto, você compra uma história que você pode compartilhar. Essas histórias transcendem o produto de uma transação básica de venda de uma foto para um produto que é vender histórias.

Não Gastar Milhares com Fotografias

Se você não acredita em mim, então assista a essa publicidade da Coco Chanel ou essa da Kikkoman. Ao invés de gastar milhares em uma propaganda, eles simplesmente contam suas próprias histórias. Como isso faz você se sentir sobre essas marcas? Para mim, elas tornam-se mais memoráveis. A boneca American Girl é um ótimo exemplo. É uma boneca idiota, sem qualquer atrativo especial, mas custa US$110 não por causa do produto, mas por causa da história que conta.
Marcas de sucesso não vendem simplesmente um produto, elas vendem histórias e geralmente fazem isso bem. Elas estão enxergando além de seu próprio ambiente tangível. Porque nós não estamos olhando além do nosso próprio cenário digital?

E se tentarmos pensar em design além do produto? Acredito que quando dissermos designer de produtos no futuro, estaremos realmente dizendo alguém que faz histórias para um produto digital. O que você acha?

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